Ingurgitamento e mastite – diferentes mas com parte do quadro sintomático e fisiopatologia comuns:
👉🏻 O ingurgitamento ocorre com frequência na chamada “subida do leite”, quando o bebé faz um intervalo significativamente maior sem mamar ou ainda, quando a mãe regressa ao trabalho e há supressão de mamadas. No ingurgitamento há edema (inchaço), estreitamento dos ductos (onde passa o leite) e inflamação.
👉🏻 Na mastite há inflamação e, por vezes, infecção. Vários fatores contribuem para o aparecimento de mastite, como a hiperlactação, um desequilíbrio na microbiota do leite (as bactérias e outros organismos que existem no nosso leite), o uso de antibióticos, ou mesmo o uso de bombas extratoras.

Há um conhecimento mais profundo destas situações e, no seu seguimento, em 2022 surgem novas recomendações na sua abordagem.
Algumas chocam com indicações que até aqui eram habituais (e que eu também recomendei no passado, quando a evidência era outra…)

👀 Assim, NÃO é recomendado fazer:

❌ Extração até “esvaziar” a mama: Sabemos que a mama é uma glândula com capacidade de se autorregular. E…? O que é que isto significa!? Significa que quanto mais leite sai da mama, mais leite a mama vai produzir, mantendo um ciclo de hiperlactação, com edema e inflamação… Daí que não seja indicado extrair leite para “esvaziar” a mama. Mais, ao utilizarmos bomba extratora em vez do bebé na mama, diminuímos o contato do bebé com a mama, favorecendo o desequilíbrio da microbiota e, portanto, o desenvolvimento de mastite.
❌ Massagem intensa: Pode aumentar inflamação e danos nos tecidos e rutura de pequenos vasos sanguíneos. Pode sim ser realizada massagem suave.

⚠️ Algumas indicações: Usar soutien com suporte adequado, aplicar frio (bolsa de gel, folha de couve, etc.), avaliação por profissional habilitado e MANTER AMAMENTAÇÃO na(s) mama(s) afetada(s), com retirada de leite eficiente da mama pelo bebé.

Rosa Santos
Enfermeira especialista em Amamentação