Depois das necessidades físicas, é importante conhecer as necessidades psicológicas que podem motivar o comportamento humano. Todos as temos, a cada momento. Algumas delas, vamos conseguindo satisfazer, de uma ou de outra forma. Outras, nem por isso. Quando, de forma consecutiva e constante, não satisfazemos determinadas necessidades, estas são causadoras de mal-estar emocional. E quando nos sentimos mal, tendemos a assumir determinados comportamentos que o refletem. O que, particularmente no caso das crianças, designamos de mau comportamento.

É a satisfação das nossas necessidades (fisiológicas e psicológicas) que nos move para agir. E conhecendo isto, perante um comportamento desafiante da criança, podemos escolher procurar perceber o que o poderá estar a motivá-lo, para a ajudar a satisfazer a necessidade subjacente.

Vamos ao exemplo do banho, a que recorremos anteriormente? Se eu já despistei que a recusa da minha filha não advém de fome ou necessidade de descanso, posso agora passar para as necessidades psicológicas, que podem ser de quatro tipos:

  • Novidade e experiência
  • Reconhecimento e importância
  • Segurança e controlo
  • Ligação e pertença

Para tal é importante, quando o comportamento surgir, olhar para ele como se estivesse a acontecer pela primeira vez, sem o julgar. E, nesse momento, colocar algumas questões:

  • Será que a minha filha precisa de fazer as coisas de forma diferente?
  • Será que a minha filha precisa de mais autonomia?
  • Será que a minha filha está a ter dificuldade em prever o que vai acontecer?
  • Será que a minha filha necessita de sentir-se ligada a mim/nós?

Estes são apenas alguns exemplos das questões que pode colocar. O mais importante é que se não se foque no comportamento em si, mas no que poderá estar a motivá-lo. Algum tipo de necessidade sobressai nessa situação? É aí que pode agir. Introduzindo alguma novidade no momento; dando espaço para a criança realizar alguma tarefa, por si própria; criando, dando a conhecer e mantendo uma rotina com a criança; ou simplesmente parando uns momentos para a ouvir e abraçar.

Inês Oliveira
Psicóloga e facilitadora de Parentalidade Consciente