Sendo esta fase repleta de novas aquisições motoras, de experiências, despertar de novos interesses face ao meio envolvente e de exploração de maiores alcances e limites, onde fica o babywearing?

Temos uma criança muito mais ativa e independente, que já anda e cheia de vontade de ir mais longe, será que justifica continuar a usar o porta-bebés?

A resposta a estas questões é… depende! Depende da criança e depende da família, sobretudo. É verdade que, pelo menos para a maioria das crianças, o uso porta-bebés em casa nesta fase já não é tão habitual, o que será expectável, porque a criança que anda já necessita de novos estímulos e desafios, e porque já não demanda tanto colo. Não obstante, há momentos de “crise”, alguma inquietação, ou de doença, em que a criança pede mais colo ou o próprio adulto cuidador pode precisar de manter a criança no colo. O porta-bebés será então de uma ajuda muito importante. Acima de tudo, tenham sempre em mente que o colo com o porta-bebés permite um abraço prologado, uma proximidade e uma conexão muito importantes a nível emocional, e que será de grande ajuda em certos momentos mais vulneráveis. Abraço é amor e o relacionamento constrói-se também em proximidade física, abraços, carícias, festinhas nas costas, o beijinho na testa ou na bochecha do bebé.

Fora de casa, se a criança precisa de ter momentos para caminhar, contemplar e explorar o que a circunda “ao seu tamanho”, mas também é normal que as suas pernas se cansem rapidamente. Se a família tem por hábito fazer grandes caminhadas e passeios a pé, o porta-bebés vai continuar a ser um grande aliado. Porque não fazer aquela caminhada de exercício físico regular a carregar o bebé? Que ótimo motivo para nos mantermos ativos! Por outro lado, há momentos em que precisamos mesmo ir à rua, mas temos pressa (pernas pequeninas andam devagar) ou uma criança cansada ou frustrada com alguma coisa que não lhe correu tão bem – também lhes acontece, e a partir desta idade cada vez são mais expressivas e intensas na demonstração dos sentimentos – andar com a criança no porta-bebés é uma excelente forma de os manter sob “risco controlado”, em maior segurança enquanto nós fazemos o que precisamos.

Uma vez mais, pratiquem babywearing sem “culpas”. Carregar menos é inevitável ,é o curso normal da vida, mas a independência e autonomia da criança promove-se de diferentes formas, e uma delas é através da proximidade emocional e o contacto físico próximo.

Susana Silva

Antropóloga e consultora de babywearing