Babywearing é todo ele VÍNCULO! Com mãe, pai, avó, avô, outros cuidadores, gato, cão e… irmã(o)! Hoje vimos falar dos irmãos. Sim, há irmãos que carregam, mas nem é tanto por aí…

Quando nasce um recém-nascido, no (muito) que ele exige – trata-se de tão pouco na prática: colo, mimo, embalo, alimento, sono, higiene – o objetivo principal da família passa a ser nutrir (em toda a aceção da palavra) aquele “serzinho”. Dar colo com o auxílio de um porta-bebés acaba por dar uma autonomia tão grande ao adulto que… voilà! Ficamos com os braços livres para brincar, tomar conta, passear, levar à escola e interagir no geral com os filhos mais velhos, ou, no mínimo, sem tantas interrupções. De fazer o que eles querem e precisam, mais do que “apenas” o que o recém-nascido precisa. Independentemente da idade do mais velho, ao praticar babywearing com o mais novo acabamos por conseguir dar-lhe(s) muito mais atenção, quebrando menos as suas rotinas (dentro do possível), minimizando o “não podemos fazer isso” ou “não podemos ir por aí”. Subir e descer escadas, ir à praia, ao parque ou às compras, fazer um trilho no meio da natureza, por exemplo, são algumas atividades que muito mais facilmente realizamos com um porta-bebés do que com um carrinho de bebé, prevenindo a angústia da separação, o “ciúme”, a sensação de que os progenitores andam a “dividir” as atenções ou a deixar as SUAS necessidades e vontades para segundo plano. Ter as mãos livres para dar as mãos aos mais velho. Até porque o recém-nascido quer mesmo é a nossa atenção plena, mas no estado “estar ali”, muito à volta de necessidades básicas de sobrevivência e ainda não tanto de sociabilidade ou aquisição de aprendizagens, tal como os mais velhos. Não que fiquemos menos dependentes, porque o propósito das famílias é exatamente criar relações de interdependência, mas o babywearing dá-nos uma autonomia e liberdade de movimentos muito maiores.

Quando temos irmãos mais velhos especiais, carregar o mais novo com o kit mãos livres não só é um prazer, um bónus, mas pode mesmo fazer a diferença no cuidado ao mais velho, e de sermos capazes de suprir uma necessidade do quotidiano familiar.

Aprender a integrar todos os elementos da família independentemente das suas idades ou necessidades também faz parte da criação do vínculo, de laços mais profundos, do respeito e da aceitação.

Susana Silva

Antropóloga e consultora de Babywearing