Os pais desejam que os filhos se tornem autónomos. Que saibam fazer as coisas por si, que possam ser responsáveis pelo que lhes diz respeito, que aprendam e consolidem competências que lhes permitam desenrascar-se bem, sozinhos. Mas a autonomia das crianças e jovens não se adquire de um dia para o outro. Não é uma competência que um dia não esteja adquirida e no dia seguinte esteja consolidada. A autonomia vai sendo construída e treinada ao longo dos anos. Enquanto pais, o nosso papel é dar espaço para se faça a aprendizagem e consolidação dessa competência.
Desta forma, como podemos promover a autonomia das crianças?
Em primeiro lugar, sendo o exemplo e mostrando como fazer as coisas. Sem pressas nem pressões, sem segundas intenções, de uma forma natural e com tranquilidade. A aprendizagem faz-se muito através da observação. Se a criança vê aqueles que lhe são significativos a fazer algo de uma forma, terá uma tendência natural para replicar isso.
Depois, e atendendo à idade da criança e daquilo que naturalmente ela é capaz de fazer, favorecer que comece a demonstrar alguma autonomia. Podemos escolher uma tarefa e pedir que vá começando a assumir responsabilidade por ela. E é neste momento que devemos ter especial atenção a alguns aspetos:
- É importante reconhecer a criança quando consegue fazer a tarefa, mesmo quando não o consegue na totalidade;
- Julgar ou criticar a criança quando não cumpre a tarefa é inimigo do processo;
- Aceitar que a aquisição de autonomia é um processo que vai passar por avanços e recuos até estar consolidado;
- Compreender que vai haver esquecimentos e que não vai ser perfeito.
É, sobretudo, essencial entender que favorecer a autonomia das crianças não pode passar por exigir que façam o que queremos, à hora que desejamos, da forma que entendemos ser correta. Isso é obediência! Autonomia é sinónimo de independência e a criança precisará encontrar a sua forma de fazer a tarefa, bem como os recursos para a gerir. Que pode ou não ser idêntica à nossa forma de fazer.
Inês Oliveira
Psicóloga Clínica e Facilitadora de Parentalidade Consciente