
A plagiocefalia (plagio=obliquo e céfala=cabeça) é uma deformação em obliquidade do crânio. Pode ser congénita ou adquirida. Quando ocorre devido a um fechamento precoce das suturas falamos em craniossinostose e tem indicação cirúrgica.
Porque ocorre?
Pode ter diferentes causas, como por exemplo:
– Posição intrauterina;
– Gravidez gemelar;
– Parto, em especial partos instrumentalizados;
– Apoio prolongado sobre uma zona da cabeça, normalmente consequência de um torcicolo ou preferência de rotação da cabeça;
– Bebés com um desenvolvimento mais lento, que permanecem mais tempo deitados, como é o caso dos prematuros.
Desde que começámos a deitar os bebés de barriga para cima, e bem, o número de plagiocefalias disparou.
E quais são as possíveis consequências da plagiocefalia?
– Estética;
– Alterações na amamentação por alterações/assimetria na mandibula;
– Problemas oculares/visuais por alteração dos eixos visuais;
– Alterações na drenagem nasal por desvio do septo nasal;
– Alterações do sono;
– Escoliose;
– Torcicolo;
– Posturas assimétricas;
– Atraso no desenvolvimento motor.
Que estratégias podemos utilizar em casa para prevenir a plagiocefalia?
– Diminuir o tempo de apoio da zona aplanada da cabeça recorrendo ao colo/babywearing, tummy-time
– Evitar passar muito tempo na espreguiçadeira e no ovinho;
– Utilizar uma almofada específica para plagiocefalia ou posicionar a cabeça com ajuda de um rolinho;
– Favorecer/estimular, nas rotinas diárias, a rotação da cabeça para o lado oposto ao da sua preferência (estímulos visuais, sonos, tácteis);
– Exercícios sugeridos pelo fisioterapeuta/osteopata para o seu bebé.
Como pode ajudar a Osteopatia no tratamento da plagiocefalia?
A Osteopatia é uma abordagem manual, global, que procura identificar a causa das alterações. Tanto na abordagem de adultos como na de crianças, o foco está na identificação e tratamento de alterações de mobilidade e compressões em todos os tecidos do corpo. Contudo, em crianças a intervenção é mais suave, uma vez que se trata de um corpo frágil, em desenvolvimento. Grande parte da intervenção é a nível do crânio. Nas plagiocefalias posicionais, normalmente, o primeiro grande objetivo é dar mobilidade à coluna cervical porque se o bebé mantiver uma preferência de rotação da cabeça, com torcicolo muscular congénito ou não, a plagiocefalia vai continuar a aumentar. A cabeça é muito deformável e se uma determinada zona estiver permanentemente em apoio começa a aplanar.
Utiliza uma metodologia de exploração-intervenção. Nessa dinâmica todo o corpo é avaliado porque a causa da plagiocefalia pode vir de várias regiões do corpo. Flexibilizam-se as estruturas para que não existam barreiras ao crescimento da estrutura, e no caso da plagiocefalia, ao crescimento simétrico e harmonioso da cabeça do bebé. A osteopatia liberta as tensões abrindo portas para que o corpo naturalmente se equilibre.
É muito importante que o tratamento comece desde o início de vida porque é nos primeiros 6 meses que se verifica o maior crescimento do crânio. A Osteopatia dá mobilidade e nos momentos de crescimento, se os cuidados em casa também forem assegurados, a correção acontece.
Como pode ajudar a Fisioterapia no tratamento da plagiocefalia?
A fisioterapia pediátrica foca-se na melhoria da qualidade de vida das crianças, estimulando o seu crescimento e desenvolvimento a brincar. Brincar é a melhor forma de facilitar e integrar o movimento ao longo do desenvolvimento do bebé.
Bebés com plagiocefalia que, normalmente, apresentam falta de variabilidade de movimento, consequentemente, também demonstram uma preferência a olhar para um dos lados (torcicolo), podem apresentar algum déficit de experiência sensoriomotora ou algum atraso de desenvolvimento.
A fisioterapia pode ser vista como tratamento ou prevenção da plagiocefalia. Durante o tratamento estimulamos o desenvolvimento neuromotor, de acordo com os problemas principais e com a idade de cada bebé. Através de posicionamentos, sequências de movimento utilizando estímulos visuais ou auditivos trabalhamos, de forma ativa, o alongamento dos músculos mais encurtados e damos mobilidade à cervical e tronco.
O ensino aos pais e o seu envolvimento na sessão é fundamental para dar continuidade à “reabilitação” em casa.
O objetivo da nossa intervenção é que haja uma normalização do desenvolvimento motor do bebé, tratando as disfunções/alterações musculo esqueléticas.
Na Up2kids o tratamento da Plagiocefalia, quando necessário envolve as duas especialidades: fisioterapia e osteopatia. O plano é definido pela equipa e os pais após a primeira avaliação.
Enquanto a Osteopatia dá possibilidade à estrutura de se equilibrar, através da flexibilização das suturas cranianas e de todos os tecidos do corpo, a fisioterapia foca-se mais na função, no acompanhamento do desenvolvimento neuromotor para que o bebé, face à assimetria (em correção) não desenvolva padrões de movimento assimétricos, crescendo no sentido de um bom controlo postural.
A Osteopatia e a Fisioterapia dão as mãos pelo seu bebé. Pelas vossas famílias!
Ana Fernandes (Osteopata pediátrica) e Joana Fernandes (Fisioterapeuta Pediátrica)