No que diz respeito à educação das crianças, já sabemos que ter um comportamento consistente é fundamental. Mas se precisamos ser consistentes nas estratégias que utilizamos, como podemos saber quais as estratégias que queremos usar? É aí que entra o outro grande conceito da educação: congruência.
A congruência é a adequação entre o nosso comportamento e aquilo que desejamos transmitir com o mesmo. Não raras vezes, e porque exploramos pouco este conceito, queremos transmitir um determinado valor à criança, mas escolhemos um comportamento completamente desadequado e que, no limite, acaba até por transmitir o contrário. De um modo geral, ser congruente é pensar e sentir o que se faz, e fazer o que se sente e se diz. É estar internamente alinhado, o que significa, de um modo muito geral, ter definido e organizado o que queremos transmitir, e adequar o comportamento nesse sentido.
Talvez seja mais fácil pegarmos no exemplo já utilizado em termos de consistência…
A criança responde com o comportamento de bater quando está a lidar com emoções intensas. A primeira coisa a fazer é refletir: este é um comportamento aceitável para mim/para a nossa família? Se a resposta é não, então passamos à fase seguinte: encontrar estratégias para guiar a criança no processo de aprendizagem de que a agressividade não é uma resposta possível. Assim, e olhando agora para este processo, diriam que bater de volta à criança (nas mãos ou no rabo, e mesmo com a intenção de “educar”) é um comportamento adequado ao que pretendem transmitir? Não, não é! Porque transmite uma mensagem totalmente desajustada da que pretendem: que bater não é uma opção – e ao bater-lhe mostram que é.
Quando somos congruentes, a mensagem que transmitimos com o nosso comportamento ganha força. Não só porque aquilo que fazemos (comportamento) tem um peso tão grande, ou por vezes até maior, na educação, do que aquilo que dizemos (palavras). Mas também porque as crianças são especialistas em detetar incongruência. E se não existe adequação entre o que dizemos, sentimos e fazemos, transmitimos menos confiança. Confiança essa fundamental para que as crianças se sintam seguras e organizadas connosco.
Inês Oliveira
Psicóloga Clínica e Facilitadora de Parentalidade Consciente
Sugestão de Leitura: “Consistência”
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