A constipação é uma infeção aguda das vias respiratórias superiores muito comum nas crianças: crianças <6 anos têm até 6-8 constipações por ano – praticamente 1/mês entre setembro e abril!

É causada por vírus, sendo o rinovírus o mais comum; outros, como o coronavírus, o vírus sincicial respiratório (VSR) e o vírus Influenza podem dar quadros semelhantes, embora com algumas particularidades, como a COVID19, a bronquiolite aguda e a Gripe, respetivamente.

Pode ocorrer todo o ano, mas é mais frequente no outono-inverno, resultado das características de circulação e sobrevivência dos vírus no meio ambiente.

A transmissão ocorre diretamente por inalação de partículas infetadas ou por auto-inoculação da mucosa respiratória após contacto com pessoas/objetos contaminados; os vírus podem persistir vivos em superfícies até 2 h! Nas crianças, a proximidade e contacto mais frequente entre os pares, a frequência em locais com maior circulação de vírus (ex. infantário) e a sua imaturidade imunológica aumentam a frequência da infeção.

Os sintomas têm início ~24-72h após a infeção, são variados, e dependem da imunidade de cada criança.

Na maioria dos casos o quadro é ligeiro, com “pico” no 2º-3º dia, e autolimitado, com melhoria gradual até aos 10-14 dias; a tosse pode persistir mais tempo, mas habitualmente resolve em 3-4 semanas.

Assim, o importante no tratamento é aliviar os sintomas e não tratar o vírus em si. Das medidas mais eficazes destacam-se a lavagem nasal com soro fisiológico, a elevação da cabeceira da cama a 30º, a hidratação e nutrição adequadas, o paracetamol se febre e, potencialmente, o ar frio humidificado e o mel (>12m).

Apesar da evolução habitualmente benigna, é importante vigiar sinais de gravidade ou complicação – como a pneumonia, sinusite, otite, agravamento da asma etc – na presença dos quais a criança deverá ser observada.

As medidas comprovadamente eficazes na prevenção da constipação e que podemos ensinar aos nossos pequenos são a lavagem frequente das mãos com água e sabão, desinfeção das mãos e superfícies com solução de álcool, etiqueta respiratória e limitar o contacto com pessoas doentes. Não é recomendada a evicção escolar se o quadro for ligeiro e a crianças estiver bem!

Isabel Ayres Pereira (Pediatra) e Joana Fernandes (Fisioterapeuta)