O segundo ano de vida começa e a maioria das crianças inicia a marcha, a corrida, os saltinhos. É o tempo da liberdade, da autonomia. Associado a este aperfeiçoar da mobilidade em pé, do controle motor, cresce a vontade e capacidade de se expressarem progressivamente através da linguagem.

Passam da marcha à corrida, à dança, ao girar sobre si próprias. Obstáculos como degraus ou cadeiras ganham um brilho especial. A criança quer experimentar e usar todas as suas novas aquisições motoras. É uma fase mais cansativa para os pais porque a noção do perigo, das alturas e a perceção do controle que tem sobre as suas capacidades ainda é diminuto pelo que é necessário estar sempre alerta. É um período de grande intensidade, marcado por um profundo desejo de independência.

Inicialmente a criança transfere-se de sentada para de pé com o apoio dos braços. Eleva as nádegas, apoia as mãos e quando os joelhos estão esticados endireita o corpo. Caminha com os pés afastados e os braços abertos para tentar equilibrar-se. Progressivamente diminuirá a distância entre os pés quando caminha e começará a conseguir colocar-se em pontas dos pés para alcançar um objeto. O caminhar sempre em pontas dos pés deve motivar uma avaliação do pediatra e do fisioterapeuta/osteopata.

Aos poucos começam a ser capazes de transportar objetos enquanto caminham, a alcançar objetos que estão mais altos, a dar a volta e a colocar-se de cócoras.

Caminhar descalço ou com meias antiderrapentes é o mais indicado para estimular a musculatura e propriocepção do pé. Os sapatos devem ser utilizados apenas para caminhar no exterior. (https://up2kids.pt/2021/01/13/sapatos-quando-comecar-a-usar-e-como-escolher/)

Mais do que uma fase de aquisição é uma fase de aperfeiçoamento. Melhora o equilíbrio e começa a subir escadas apoiada nas mãos.

Nesta bonita etapa o seu filho começará a comunicar de uma forma mais clara, a apontar para os objetos que deseja, explorar brinquedos, procurar objetos e deliciar-se com os jogos de causa efeito como o cucu (tapa os olhos para se esconder). Imita o adulto acenando, aplaudindo, enviando beijinhos. É capaz de encontrar um objeto escondido.

A sua manualidade vai progredindo sendo capaz de segurar um copo, inicia o uso da colher, empilha alguns cubos. Há um aumento de precisão da preensão, adquirindo a pinça fina (segura pequenos objetos entre o polegar e o indicador).

Localiza o som e compreende pequenas perguntas como onde está a mãe, o pé ou o carro.

O seu foco não é apenas o que está próximo, mas começa a centrar-se em objetos que estão à distância. Reconhece partes do corpo, lugares e começa os primeiros rabiscos.

Como já tem sido referido, vivemos um momento desafiante que pode dificultar o proporcionar de um contexto rico, mas com criatividade e bom senso, é importante nesta fase privilegiar as brincadeiras de exterior, variar os pisos/solos para que a criança possa melhorar o seu equilíbrio e destreza.

O terceiro semestre de vida é uma fase desafiante para os pais, mas muito compensadora. Dêem as boas vindas ao novo explorador aí de casa!

Dra. Ana Fernandes

Osteopata e fisioterapeuta