A gravidez é um tempo de sonhos. Sobre os meses de gestação, sobre o bebé que se forma e prepara para nascer, sobre a forma como esse nascimento vai acontecer. Esses sonhos apaixonam, preparam e entusiasmam para esta diferente etapa da vida que se avizinha. Infelizmente, esses sonhos nem sempre se concretizam. Por vezes, o parto acontece demasiado cedo e as mães e pais sonhadores vêem-se no seu papel, mais cedo do que esperavam. Muitas vezes a braços com um bebé mais frágil (mas lutador!), que precisa desenvolver-se e fortalecer-se para viver. Assoberbados com informação médica, com prognósticos, com medo. A precisar reconhecer cada pequena vitória, enquanto lidam com sentimentos de frustração e angústia. A lidar com as suas dores físicas e emocionais, muitas vezes apenas a tocar no seu bebé alguns momentos por dia.

O nascimento prematuro de uma criança altera o ritmo natural da chegada do bebé à família. E isso tem impacto direto no funcionamento familiar, e nas suas relações. Há muitas emoções para gerir. Da mãe, do pai, dos irmãos (se já existem). Pode haver sentimentos de culpa, incapacidade, dúvida, incerteza. Tristeza. E há medo, muito medo.

Um bebé prematuro é um guerreiro por natureza. E os seus pais também! E até os maiores guerreiros podem precisar de ajuda. Porque podem precisar de chorar. Podem ter medo e precisar de aceitá-lo. Podem precisar de integrar todas as informações, sentimentos e pensamentos que estão a surgir. Pedir ajuda não diminui a sua força ou coragem. Mas ajuda a encontrar clareza no meio do nevoeiro que esta vivência tão dura pode trazer.

Aos pais de bebés prematuros, um abraço ❤

Inês Oliveira

Psicóloga clínica e facilitadora de Parentalidade Consciente