Fisioterapia na Saúde da Mulher

Fisioterapia na Saúde da Mulher

Reabilitação do Pavimento Pélvico no Pré e Pós-Parto

Durante a gravidez o corpo da mulher experiencia modificações constantanes. Existem alterações hormonais, posturais e aumento do peso intra-abdominal, todas estas alterações são suportadas pelos músculos do pavimento pélvico que funcionam como um soalho (chão) dos órgãos abdominais.

A fisioterapia tem um papel primordial na prevenção de disfunção dos músculos do pavimento pélvico durante a gravidez e depois do parto, para isso, é importante que a grávida inicie um programa de tratamentos ainda durante as primeiras semanas de gestação.

As sessões de pré e pós-parto têm sempre uma avaliação inicial individual e dependendo da avaliação do fisioterapeuta podem ser integradas em sessões de grupo, com outras mulheres na mesma condição.

No pré-parto a fisioterapia tem como objetivo:

  • Consciencializar a mulher dos músculos do pavimento pélvico;
  • Treinar técnicas de contração e relaxamento do pavimento pélvico;
  • Potenciar o alongamento dos músculos do pavimento pélvico para prevenção da episiotomia;
  • Fortalecer o pavimento pélvico para prevenir disfunções no pós-parto.

Durante o parto, existe um trauma muscular, que seja parto vaginal, onde há o estiramento do soalho pélvico e possível episiotomia, quer seja cesariana, onde há o corte da fáscia, músculo abdominal e útero. É de extrema importância que todas as mulheres após o parto sejam avaliadas por um fisioterapeuta para garantir que os músculos do pavimento pélvico mantêm a função de suporte, função sexual e continência urinária e fecal.

No pós-parto a fisioterapia tem como objetivo:

  • Tratar cicatriz da episiotomia ou da cesariana;
  • Fortalecer os músculos do pavimento pélvico;
  • Iniciar a atividade física controlada e segura após o parto em sessões de grupo.

Incontinência urinária

A Incontinência urinária é uma situação patológica que resulta da incapacidade de reter e controlar a saída da urina. É caraterizada por perdas urinárias involuntárias, que podem ser fugas muito ligeiras e ocasionais (gotas), a perdas mais graves e regulares (jato).

Para além de ser um problema de saúde e de higiene, a perda de urina é uma situação com repercussões a nível social e pessoal. Como se trata de um assunto que toca a intimidade, a incontinência urinária ainda é encarada como um tabu que condiciona a vida do doente a nível pessoal, familiar, social e laboral.

Apesar de ser uma situação que ocorre maioritariamente em mulheres, devido a alterações hormonais e ao parto, não é uma condição exclusiva do sexo feminino, em Portugal, cerca de 33% das mulheres e 16% dos homens, com mais de 40 anos, têm sintomas da doença. A Incontinência Urinária nos homens tem relação direta com a prostatectomia.

Existem três tipos de incontinência urinária:

  • Incontinência de esforço: Perda de urina quando é exercida pressão sobre a bexiga. Durante a tosse, espirro, rizo, exercício ou quando se levanta algo pesado.
  • Incontinência de urgência: É sentida uma vontade súbita e intensa de urinar, seguida por uma perda involuntária de urina. Pode ser necessário urinar com frequência, inclusive durante a noite. A incontinência de urgência pode ser causada por uma condição menor, como infeção, ou uma condição mais grave, como distúrbio neurológico ou diabetes.
  • Incontinência mista: Quando existe mais de um tipo de incontinência urinária.

TRATAMENTO

Por se tratar de um método indolor e não invasivo, a fisioterapia é considerada como abordagem de primeira linha para o tratamento da Incontinência Urinária tanto em mulheres como em homens. A fisioterapia utiliza técnicas de avaliação, fortalecimento/ relaxamento e correção postural que são eficazes na resolução da incontinência urinária. Durante a avaliação o fisioterapeuta determinará o seu grau e tipo de incontinência e traçará um plano de tratamentos individualizados e ajustados à sua condição.

Dispareunia

A Dispareunia é caraterizada por dor genital persistente ou recorrente que ocorre imediatamente antes, durante ou após a relação sexual. As relações sexuais dolorosas podem ocorrer por razões que variam desde problemas estruturais a preocupações psicológicas. Muitas mulheres têm relações sexuais dolorosas em algum momento das suas vidas.

Se tiver relações sexuais dolorosas, poderá sentir:

  • Dor apenas na entrada sexual (penetração);
  • Dor a cada penetração, incluindo a colocação de um tampão;
  • Dor profunda durante o ato sexual;
  • Dor latejante, horas após a relação sexual;

TRATAMENTO

Como a dispareunia se trata de uma condição que tem/pode ter componente física e psicológica, o fisioterapeuta avalia o historial médico, psicológico e sexual completo e discute os objetivos e o plano de tratamento que pode passar por terapia conjunta entre a fisioterapia e a psicologia.V

Vaginismo

O Vaginismo é uma condição que envolve espasmo (contração involuntária) dos músculos do pavimento pélvico. Pode tornar doloroso, difícil ou impossível ter relações sexuais, fazer um exame ginecológico e inserir um tampão.

Os tipos de vaginismo incluem:

  • Vaginismo primário: É uma condição em que a dor sempre esteve presente, quer na relação sexual, no exame ginecológico ou mesmo na colocação de um tampão. É frequentemente experienciada pelas mulheres durante a primeira tentativa de relação sexual, com impossibilidade de penetração. Pode haver dor, espasmos musculares generalizados e a mulher pode parar temporariamente a respiração. Os sintomas são revertidos quando a tentativa de entrada vaginal é interrompida.
  • Vaginismo secundário: Nem sempre esteve presente, desenvolve-se depois da mulher já ter experienciado a função sexual normal. Pode ocorrer em qualquer estágio da vida. Geralmente ocorre depois de um evento específico, como uma infeção, menopausa, um evento traumático, desenvolvimento de uma condição médica, problemas de relacionamento, cirurgia ou parto.
  • Vaginismo situacional: Isso ocorre apenas em determinadas situações. Pode acontecer durante o sexo, mas não durante exames ginecológicos ou inserção de tampão.

TRATAMENTO

A fisioterapia visa orientar as mulheres a aprender como controlar os músculos do pavimento pélvico para os conseguir relaxar conscientemente. Isso pode ser feito através de técnicas de respiração, exercícios de relaxamento e de controle do pavimento pélvico e quando a mulher estiver pronta com o uso de dilatadores vaginais. Os dilatadores vaginais são conjuntos de cones de tamanhos diferentes, a mulher inicia a terapia com o menor, gradualmente aumentando o tamanho até que consiga inserir o maior dilatador na vagina, sem dor, desconforto ou espasmos musculares.

 

Serviço prestado por Diana Bernardo.