As datas festivas podem ser muito bonitas, cheias de magia e entusiasmo, mas também, e sobretudo para pais e mães, sinónimo de stress e angústia. Talvez as crianças não se comportem como seria esperado; talvez não comam “bem” à hora das refeições; talvez estejam mais chorosas e reativas; talvez façam birra a uma determinada altura do dia ou da noite. As hipóteses são mais do que muitas! Nestes dias, as rotinas não são cumpridas, as crianças estão fora do seu ambiente familiar. Há mais vozes, mais críticas, mais toques, menos descanso ou com menos qualidade, mais presentes e toda a excitação que os envolve. Tudo isso faz parte da experiência e não deixa de ser muito positivo! Mas, ao mesmo tempo, pode favorecer a que a criança se sinta desregulada, fora do seu ambiente seguro e, com isso, tornar-se disruptivo em termos comportamentais.

Muitas vezes, quando alguma destas situações acontece, mães e pais podem sentir a tentação de “educar”: chamar a atenção, relembrar, julgar, gritar. Podem mesmo sentir-se no limiar da paciência. O que hoje gostaria de vos sugerir é: não se sintam pressionados a ensinar nesse momento. Não são estes dias que são decisivos. As crianças aprendem nos outros dias todos. Aqueles rotineiros, no seu ambiente familiar, com as circunstâncias e pessoas que podem prever.

Para além disso, não são só as crianças que estão a lidar com as alterações que estes dias provocam. Talvez também vocês estejam a lidar com mais palpites de familiares; talvez estejam mais cansados por preparar refeições especiais para estes dias; talvez se sintam mais julgados, analisados, pouco vistos. E, com tudo isto, é natural que se sintam também mais reativos e menos pacientes, sobretudo com as crianças. Mas se vocês não são culpados do que sentem, as crianças também não. Por isso, nesta época festiva, escolham reconhecer que as celebrações podem ser intensas para todos e perturbar o vosso funcionamento. Há tempo para educar as crianças, com mais calma e paciência. E esse tempo não são os dias de exceção!

Desfrutem desses sem pressão!

Boas festas!

Inês Oliveira

Psicóloga clínica e facilitadora de parentalidade consciente