Quando se fala em perninhas e pés a dúvida instala-se e não é para menos porque o membro inferior sofre muitas alterações nos primeiros anos de vida. Assim, o que poderá ser normal ou aceitável numa fase não o será noutra. Até aos 4 anos é importante que todas as crianças sejam avaliadas por um profissional habilitado para o efeito, para que se avalie o que é ou não normal.
Tal pai tal filho. Muitas pessoas recorrem à consulta porque começam a identificar alterações que reconhecem em si próprios e querem atuar antes que seja tarde. A verdade é que a carga genética tem um papel fundamental na estrutura de cada um de nós.


✅ Quando se inicia a marcha o pé do bebé apoia-se como um todo, não faz o movimento de apoio de calcanhar e saída do chão pelos dedos, em especial pelo dedo gordinho. Caminha com as pernas afastadas, com os joelhos um pouco fletidos e em arco (joelho varo) e abertura para fora dos pezinhos. Está a tentar alargar a sua base de sustentação para se equilibrar. Alguns bebés podem caminhar em pontas dos pés nesta fase. Se não passar em pouco tempo devem ser avaliados.


✅ Após esse período os joelhos iniciam uma alteração de alinhamento que os vai levar a ficar colocados para dentro pelos 3 anos e meio (joelho valgo).

✅ Progressivamente iniciam o percurso inverso, até que por volta dos 7 anos começam a ter um alinhamento muito parecido ao que será o do adulto. Assim, joelhinhos para dentro pelos 3/4 anos pode ser normal!


👉🏻 Outra questão que preocupa muito os pais são os aparentes pés planos. Só aos 4 anos pode ser diagnosticado um pé plano. Até lá os arcos plantares não estão formados ou ainda não estão visíveis porque os ligamentos são muito laxos (elásticos) e o arco abate. Vamos vigiando os pezinhos, principalmente os que podem à partida ter mais predisposição por herança genética. No que toca a pés o trabalho em equipa com a podologia é essencial. Apoios assimétricos são sempre para avaliar.


👉🏻 E sobre a posição em W? Não, não aconselhamos que as crianças se sentem nessa posição por longos períodos. A articulação da anca é uma das articulações que nasce mais imatura. Muitas crianças sentem-se confortáveis nessa posição pelo excesso de anteversão femoral característica dos primeiros anos, mas esta posição não favorece o saudável desenvolvimento da articulação e é uma postura pobre do ponto de vista da ativação dos músculos do tronco. As crianças ficam numa posição de bloqueio, estabilidade e pouca atividade fazem. O que fazer? Se esta é a posição de brincadeira preferencial do seu filho já há algum tempo, marque consulta de osteopatia para avaliar as ancas e intervir. Em casa inicie uma reeducação diária da posição de brincar. Pode ser um pouco cansativo, mas vai valer a pena. Às vezes basta pedi: Perninhas para a frente filhote 😊

Ana Fernandes

Osteopata pediátrica