
Esta é uma preocupação muito comum entre os pais quando começam a praticar babywearing. Mesmo que, pelo menos aparentemente, com os devidos ajustes, o bebé fica “de lado”. Não há forma, ou quase nunca, de ficar simétrico. Nesta falta de simetria podemos incluir as costas a pender para um lado, podendo ser sempre ou não o mesmo lado, ou as costas “em arco” – o bebé estica o pescoço para trás como se estivesse a tentar espreitar – ou as pernas assimétricas.
Eis algumas pistas do que poderá estar a acontecer:
- O porta-bebés pode, realmente, não estar bem colocado ou bem ajustado. Poderá estar folgado ou ajustado demais (esta última não tão comum).
- O bebé pode estar deslocado do centro de gravidade do adulto, geralmente o que acontece é estar descido demais – não está “à distância de um beijinho”.
- O bebé pode não estar com a anca “basculada”.
- Se o bebé tiver um torcicolo, a inclinação da cabeça irá notar-se na prática do babywearing e não há forma de evitar. Neste caso, é preciso realçar que também não há contraindicação para o uso de babywearing, bem pelo contrário. Utilizar o porta-bebés, com os ajustes corretos, é um estímulo benéfico para o bebé de forma a incentivar a simetria e atenuar o desconforto de sintomas típicos associados, como por exemplo o refluxo.
- Bebés com plagiocefalia também apresentam com frequência uma tendência para se “esticar” no porta-bebés, podendo mostrar preferência por um dos lados, ou esticar o pescoço para trás, bem como bebés que passaram todo o tempo de gestação, ou a maior parte dela, em posição transversa ou pélvica. Estes bebés apresentam ainda maior resistência à “báscula” da bacia. Tal como no ponto acima, o babywearing não é prejudicial, ainda que seja importante aprender a correta colocação e respeitar os limites do próprio bebé. Lembrem-se que um bebé com certas restrições de movimento vai ter estas restrições de movimento e rotação sempre, não só no porta-bebés. Na prática do babywearing elas só ficam mais evidentes ao nosso olhar.
Se sempre que colocam o vosso bebé no porta-bebés notam que fica assimétrico, convém lembrar que o porta-bebés deve estar bem colocado e ajustado, sem folgas. Assim como o correto posicionamento do bebé é importante, mas as incertezas e receios, por outro lado, não devem ser obstáculos a esta prática. Não será à primeira, mas também não deverá será sempre que corre menos bem. Há “técnicas” e aprendizagem. Colocar as duas mãozinhas do bebé junto à sua face ajuda a promover a simetria.
Se as dificuldades persistem, a consulta é um recurso valioso para aprimorar a técnica, esclarecer dúvidas e combater mitos, e ainda perceber qual o tipo de porta-bebés que melhor se adequa às vossas necessidades. Nestes casos, o tipo de porta-bebés, a facilidade de colocação para o próprio adulto, bem como o conforto para o adulto e o próprio tecido podem fazer toda a diferença.
Susana Silva
Consultora de Babywearing