Esta é outra daquelas frases que ouvimos recorrentemente, mas será mesmo assim?

Efetivamente existem algumas pessoas com menor necessidade de horas de sono comparativamente a outras, mas na verdade, nas crianças isto não se verifica e já está previsto um intervalo que contempla o valor mínimo de horas aceitáveis para cada faixa etária.

Esta ideia muito generalizada de que uma criança não precisa de dormir o nº de horas recomendado para a idade, ou de que precisa apenas do número mínimo dos intervalos indicados diz-nos muito mais sobre as crenças e postura social perante o sono do que propriamente sobre a necessidade real da criança.

O facto de existir uma resistência natural inerente à hora de adormecer (que pode estar aumentada por diversos motivos – janela de vigília desajustada, cansaço acumulado, relação com o sono, forma como é direcionada para a cama, rotinas antes de dormir…) leva muitas vezes os cuidadores a interpretar esse comportamento como uma recusa em dormir, o que leva a um adiamento do início do sono, quer das sestas quer do sono noturno, resultando em vários cenários que dificultam o adormecer – um bebé que acaba por ficar demasiado tempo acordado, irritabilidade e exaustão, ausência de rotinas de horários regulares, sonos mais fragmentados (…), e tudo isto se traduz essencialmente numa consequência: uma criança em privação de sono.

Posto isto, uma vez que o número de horas de sono não é genericamente igual para todas as crianças, é necessário que, dentro dos intervalos estudados e recomendados, se avalie cada criança na sua individualidade e ter o cuidado de não “trabalharmos para os mínimos”, proporcionando sempre as condições e oportunidades ideais para que o sono ocorra.

Sofia Pimentel
Cardiopneumologista especialista em Sono

Referências:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21784676/
https://www.spp.pt/UserFiles/file/Noticias_2017/VERSAO%20PROFISSIONAIS%20DE%20SAUDE_RECOMENDACOES%20SPS-SPP%20SESTA%20NA%20CRIANCA.pdf

Sugestão de Leitura: “Quantas horas é que o meu filho precisa dormir?”
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