O nariz é a porta de entrada do ar e está preparado para ser uma barreira protetora, uma alfândega de triagem. Retém parte das bactérias e vírus nos seus cílios, humidifica o ar e aquece-o. A respiração oral (pela boca) é assim uma alteração que pode ter consequências imediatas ou a longo prazo, com  diversas as causas, pelo que o seu correto diagnóstico é fundamental.
As principais causas da respiração oral são:

  • Obstruções nasais – por exemplo por pólipos, desvios do septo, características  da estrutura das fossas nasais, rinorreia recorrente (andar sempre com ranhocas), secundária a refluxo);
  • Obstruções faríngeas – por exemplo por adenóides e/ou amígdalas volumosos (hiperplasia);
  • Hábitos orais como o uso prolongado da chupeta, chuchar no dedo polegar (não confundir com o colocar as mãos na boca, isso é normal e desejável);
  • Alterações posturais.

Estes bebés/crianças cansam-se com mais facilidade e podem apresentar dificuldades na alimentação (sucção, mastigação, deglutição), no sono, salivar excessivamente e ser mais suscetíveis a infeções respiratórias. Frequentemente apresentam olheiras, uma respiração audível quando dormem, uma língua hipotónica (com menos força) ou o céu da boca (palato) alto e estreito. A longo prazo tende a verificar-se:

  • Alterações no postura, na estrutura craniofacial e na oclusão dentária, com um aumento da predisposição para o aparecimento de cáries;
  • Flacidez dos órgãos fonoarticulatórios e dos músculos faciais.

Como podemos prevenir esta alteração?

  • Se o seu filho usa chupeta comece por aí. É importante iniciar o desmame gentil da chupeta para iniciar a intervenção. A língua em repouso descansa no palato (ora repare onde tem a sua língua agora?). A chupeta mantém a boca permanentemente aberta e impede esta relação da língua com o seu local de descanso, o céu da boca;
  • Mantenha as vias aéreas desobstruídas através da lavagem nasal ou da correta limpeza do nariz em crianças mais velhas;
  • Promova a respiração pelo nariz, fechando a boca do bebé quando está a dormir ou através de exercícios, se for uma criança que já colabore;
  • Sempre que se verifica uma preferência pela respiração oral o bebé/criança deve ser avaliado por forma a definir o plano de intervenção. Podem fazer parte do processo terapêutico o osteopata/fisioterapeuta, o odontopediatria (dentista dos pequenotes), o terapeuta da fala, o pediatra, o otorrinolaringologista e/ou o imunoalergologista.
     
    Respirar é pelo nariz! Estamos cá para o ajudar.

Ana Fernandes

Osteopata pediátrica