As alterações gastrointestinais são, sem dúvida, uma das causas mais frequentes de dor e irritabilidade do recém-nascido, causando grande preocupação aos pais. A passagem do sonho de um bebé que come e dorme como um anjo, para um bebé que chora, grita com dor, deixando os pais sem saber como ajudar, é angustiante.
Mas afinal como podemos perceber qual é o problema principal do nosso bebé?
Refluxo
Refluxo é diferente de regurgitação/bolçar. Há bebés que têm refluxo e que não bolçam (refluxo oculto). O leite sobe e é deglutido. Andam muitas vezes a mastigar sem terem comido naquele momento. Os bebés com refluxo esticam-se a mamar. Têm soluços, tossem, pioram à noite ou quando estão numa posição horizontal. Podem ter o nariz sempre com alguma secreção posterior. Este é o hit das consultas de Osteopatia, refluxos mascarados de cólicas.
Cólicas
As cólicas são o distúrbio mais famoso dos 4. Quando um recém-nascido chora o primeiro diagnóstico é quase sempre CÓLICAS. A verdade é que muitas vezes não são cólicas. Quando o bebé tem cólicas encolhe-se e faz movimentos de flexão e extensão com as pernas, maioritariamente à tarde/final do dia. O abdómen encontra-se duro e a massagem é desconfortável. Nesses momentos de crise não acalmam com nada, nem com maminha! Siga o seu instinto, se o bebé fica desconfortável com a massagem abdominal não a faça.
Gases
Gases e cólicas não são a mesma coisa? Não. A cólica é um espasmo da musculatura lisa do intestino enquanto que os gases são uma acumulação de ar. Dão desconforto, mas não uma dor tão intensa como as cólicas. Podem aparecer, por exemplo, devido a uma técnica de amamentação incorreta que promove a indesejada ingestão de ar. Como colocam os vossos bebés a arrotar aí em casa? Sabia que dificilmente um bebé a dormir consegue arrotar? Deixo uma dica: coloque-o a arrotar a meio da mamada para que depois não fique com tanto ar se adormecer a mamar/no biberão.
Obstipação
O facto de o bebé não fazer cocó é também um tema difícil para os pais. Para que o bebé não seja obstipado é importante que tenha uma boa mobilidade global e em especial da coluna lombar e pélvis. A osteopatia pode ajudar neste campo. Depois é importante que exista uma boa coordenação entre o esfíncter interno e externo. Cuidado com as estimulações internas frequentes. Devem ser usadas de uma forma criteriosa porque não são inócuas.
Ana Fernandes
Osteopata pediátrica e fisioterapeuta