O vínculo (ligação estreita) da díade mãe-bebé é extremamente importante quer o bebé seja amamentado ou não, porém sabemos que a amamentação não se reduz aos aspetos nutricionais e que pela proximidade e intensidade do contacto mãe-bebé na amamentação a vinculação está mais facilitada podendo ser mais fácil para a mãe “ler” o seu bebé; por seu lado, o bebé muitas vezes dá sinais ou pede para mamar por segurança, conforto ou para se autorregular emocionalmente.

Pode perceber que quando o bebé está num ambiente em que se sente à-vontade, entretido no jardim ou a brincar com outras crianças/adultos pede menos mama, mas quando está em casa ou fica aborrecido/frustrado com algo recorre com facilidade à mãe/mama. É frequente que as mães se possam sentir assoberbadas com a demanda e disponibilidade que o seu bebé requer.

É precisamente no segundo ano de vida que o bebé fisicamente mais explora o ambiente, inicia marcha autónoma, inicia e desenvolve a sua linguagem verbal – há muito “mundo” a acontecer, por vezes algum tédio e frustrações frequentes. Sem dúvida que ajudar o bebé a se auto-regular emocionalmente faz parte do “pacote de funções parentais” desta idade.

Pelo grande vínculo materno, é natural se o bebé se comporte de forma diferente com a mãe – pode pedir mama, pode tentar chegar à mama puxando a roupa ou mesmo querer que a mãe amamente todos os peluches e super-heróis que encontra – de repente pode parecer que o bebé está demasiado dependente da mãe e da mama, no entanto,  oferecer ou dar mama a pedido do bebé não vai prejudicar o seu desenvolvimento. Pelo contrário, favorece o diálogo e a dança de necessidades mãe-filho (sim, as necessidades da mãe devem ser tidas em conta): a título de exemplo, pode ter de explicar que de momento está ocupada, distrair ou pedir ao bebé que se ocupe com algo enquanto que, por seu turno, o bebé desenvolve a capacidade de esperar.

Também no segundo ano de vida normalmente acontece um fenómeno designado “anorexia fisiológica do segundo ano de vida”. Este é caracterizado por um período mais ou menos longo em que  o bebé passa a comer menos alimentos ou ser seletivo em relação aos mesmos no entanto continua a desenvolver-se de acordo com os padrões esperados e com vivacidade. Tipicamente os pais relatam situações do seu filho “deixar de comer sopa que comia tão bem” ou “no prato quer comer apenas o arroz” e (adivinhem!!!) .. não raras vezes pedem mais vezes para mamar, beneficiando assim de um alimento muito saudável e energético.

Como se pode ver, amamentar continua a ser relevante e é muitas vezes um recurso importante para mãe e bebé – continuem a desfrutar dela.

Rosa Santos

Enfermeira