Muitas famílias demonstram preocupação com o facto dos seus filhos discutirem com frequência. De um modo geral, pais e mães compreendem que a relação entre irmãos pode ser conflituosa, mas, ao mesmo tempo, sentem um medo inconsciente de que as crianças não estabeleçam uma relação saudável e positiva entre si.

A relação entre irmãos é um espaço privilegiado, cuja proximidade física e ligação emocional facilitam o desenvolvimento e treino de determinadas competências. Ter um irmão ou irmã significa aprender conceitos como partilha, aceitação, confiança, apoio, diversão. Mas também implica lidar com emoções fortes como frustração, raiva, inveja, culpa. E são esses sentimentos que espoletam reações intensas e que, frequentemente, os adultos assumem ser desajustadas ou erradas. E não são! Fazem parte da aprendizagem e da própria relação. O facto de os irmãos discutirem ou se zangarem não significa que não gostem profundamente um do outro.

Significa apenas que naquele exato momento não o sentem (mas acreditem, podem senti-lo 10 minutos depois!).

Assim, perante as discussões das vossas crianças, se sentem que é seguro e que não se vão magoar fisicamente, podem deixá-las resolver os seus próprios conflitos e alterações. Eles vão encontrar os seus próprios recursos para o fazer, sem necessitar de mediação no momento.

Se, eventualmente, depois de uma situação mais intensa, sentem que uma das crianças (ou ambas, individualmente) tem ainda alguma questão para resolver, podem (já com mais calma e tranquilidade) procurar ouvi-la e ajudá-la a lidar com os seus pensamentos ou emoções.

Sugestão: façam-no sem intenção de julgar, mas antes de entender. Todos (incluindo vocês) vão aprender com isso. 😊

Inês Oliveira
Psicóloga clínica e Facilitadora de Parentalidade Consciente