O choro é uma das manifestações emocionais que mais angustia os pais. Enquanto bebés, essa é a principal forma de comunicação de necessidades, a que os cuidadores tentam responder da forma mais rápida e pronta possível. E ainda bem! O impacto negativo do choro intenso e prolongado em bebés está cientificamente provado e é amplamente conhecido o seu efeito prejudicial em termos de desenvolvimento emocional.

Mas e quando cresce?

À medida que a criança cresce e começa a deixar de depender do choro para sobreviver, este deixa de ser entendido como forma de comunicação. Ora vejamos: uma criança de 6 meses chora ao fim do dia – especulamos que tenha fome ou esteja cansada; uma criança de 3 anos chora ao fim do dia – assumimos que está a fazer uma birra. O comportamento é o mesmo mas a forma como olhamos para ele é muito diferente! Enquanto acreditamos que a criança mais pequena está a demonstrar aquilo que necessita, olhamos para a mais velha assumindo que está escolher ter esse comportamento, de forma consciente. O que é que tendencialmente fazemos nestas situações? Perante a criança de 6 meses é natural que vamos tentando várias hipóteses até a ajudar a satisfazer as suas necessidades. Perante a de 3 é provável que julguemos o seu comportamento e procuremos cessá-lo o mais rapidamente possível, independentemente da forma.

Então devo ou não parar o choro do meu filho?

⚠ O choro não é mau nem indesejável a partir de determinada idade. Aliás, o choro não é mau nem indesejável em nenhuma idade! Chorar não é sinónimo de manipulação, fraqueza ou vergonha. Chorar é uma forma de comunicação, de manifestação de necessidades, sejam elas físicas ou emocionais. Eu sei, nenhum pai ou mãe gosta de ver um filho chorar seja por que motivo for. E chorar faz parte da vida! Reconhecer isto não significa que deixemos as nossas crianças chorar desconsoladamente sem o nosso apoio. Nem que precisamos calá-los no imediato e a todo o custo. Significa que podemos responder ao choro dos nossos filhos de forma empática e respeitadora. Aceitando que as emoções por eles manifestadas são legítimas. Tal como as nossas. 😊

Inês Oliveira
Psicóloga Clínica e Facilitadora de Parentalidade Consciente

Sugestão de Leitura: “Alternativas aos Castigos”
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