Uma criança de 1 ano toca em tudo sem a mínima noção do perigo nem do que é permitido ou não fazer. Começa aqui a fase em que a maioria dos pais passa o dia a dizer “Não!”.
A neuro ciência diz-nos que isso é escusado e contra-producente porque por mais evidente que essa mensagem pareça para nós, adultos, para a criança até aos 4/5 anos não é. Daí que face a um “Não!” seja frequente a criança olhar para os pais e fazer exatamente aquilo que lhe foi dito para não fazer. A criança não está a desafiar. Está a fazer o melhor que consegue com o cérebro que tem. Dar uma indicação pela negativa implica duas tarefas mentais: 1) a evocação – ou seja a construção da imagem mental 2) e a negação dessa representação. Uma criança pequena não consegue integrar essas duas tarefas.
Então, mas o que fazer?
Primeiro, há que entender que a criança de 1 ano se encontra no estádio sensório-motor ao nível do seu desenvolvimento. Isso significa que só vai aprender experimentando. Daí ser muito importante criar um ambiente que esteja preparado para uma criança que quer explorar com todo o corpo e todos os sentidos. Eliminar coisas que sejam efetivamente perigosas e colocar objetos delicados em armários altos e fechados é o primeiro passo para permitir à criança explorar e manipular o seu meio à vontade e desenvolver-se na sua plenitude.
Segundo, é importante formular mensagens e dar indicações pela positiva porque é assim que efetivamente a aprendizagem se dá. Por exemplo:
– em vez de dizer: “Não puxes o rabo ao gato!”
– dizer: “Festinhas… assim.…no gatinho…” (enquanto demonstra isso junto da criança);
– em vez de dizer: “Não vás para a estrada!”
– dizer: “Fica aqui ao pé de mim.” (e eventualmente lhe atribuímos uma tarefa para focar a atenção).
E terceiro, podemos redirecionar a criança gentilmente quando sentimos que está a ir por um sítio errado, guiando assim o seu corpo sem ser necessário recorrer às palavras.
Afinal, ao contrário do que o senso comum diz, as crianças não precisam de ouvir mais vezes o “Não!”.
Dra. Zulima Maciel