Quando nascem os bebés têm as mãos bem fechadas, dominadas pelo reflexo de preensão palmar, isto é, damos-lhe um dedinho e ele agarra. Este reflexo permitia ao bebé macaco andar agarrado ao pelo da mãe. Há muito bebés que adoram agarrar o cabelo da sua mamã. A posição de tummy-time, devido ao apoio sobre a mão, promove o desaparecimento deste reflexo e a abertura da mão. Aos poucos as mãos vão começando a abrir e a fechar. Por vezes vemos o bebé fascinado a olhar para as suas mãos que começam a apresentar alguma atividade voluntária, controlada.
Pelos 3/4 meses as mãos não saem da boca. Há momentos em que parecem querer comê-las! É a fase oral. É normal. Deixe o seu bebé colocar as mãos na boca. É a sua forma de as reconhecer, de as explorar, de construir no cérebro o mapa de como realizar cada movimento, para além de provocar alívio, uma vez que os dentes embora ainda não tenham rompido já estão a preparar a sua chegada.
As mãos passam do reconhecimento uma da outra à vontade de tocar objetos. Esta intenção de preensão inicia-se pelos 3/4 meses, embora ainda de uma forma muito rudimentar. Os objetos são agarrados na palma da mão, levando-os frequentemente à boca. Antes dos 3 meses os objetos pouco lhes dizem, estão focados na face humana. É muito comum os pais referirem que no primeiro trimestre o bebé não liga aos brinquedos.
Progressivamente começa a passar os objetos de uma mão para a outra e depois a segurar um objeto em cada mão.
Entre os 7 e os 9 meses a maioria dos bebés adquire o movimento de pinça, passando assim de uma pega mais global para uma pega mais fina. Essa pinça, que vai evoluindo, necessita da oposição do polegar é o marco que nos diferencia do ponto de vista cognitivo dos demais mamíferos e traduz também uma grande evolução para o bebé.
Permite ao bebé apanhar coisas muito pequeninas. Gatinhando pela casa vão descobrir os mais pequenos tesouros.
Não é suposto que o bebé prefira uma mão a outra durante o primeiro ano de vida. A lateralidade só se define mais tarde. Reconhecemos e utilizamos as partes do corpo que vemos. Se por exemplo existe uma preferência de rotação da cabeça e possível que o bebé utilize menos a mãos do lado para o qual mais lhe custa rodar a cabeça. Se o seu bebé prefere uma mão deve ser avaliado para se perceber a causa.
Ana Fernandes
Osteopata e fisioterapeuta pediátrica