Cuidar de um filho, saber quando realmente nos preocupar com determinado sinal ou sintoma é um dos maiores desafios da parentalidade. Saber o que valorizar, quando ficar tranquilos é uma tarefa difícil e que gera muita ansiedade e alguma discordância entre o casal.

Quando devo levar o meu filho à urgência?

Uma ida à urgência deve ser bem ponderada: aumentando a afluência de forma descontrolada torna-se mais difícil a gestão dos casos mais graves; e com a sobrelotação da urgência, aumenta o risco da criança contagiar-se com outro vírus.

A Sociedade de Urgência e Emergência Pediátrica descreveu de forma concisa os motivos que devem ser de preocupação e levar à observação da criança:

Febre
  • Menos de 3 meses: temperatura retal ≥38ºC ou temperatura axilar ≥37.6ºC
  • Entre 3-6 meses: temperatura retal ≥40ºC ou temperatura axilar ≥39ºC
  • Mais de 6 meses: temperatura retal ≥41ºC ou temperatura axilar ≥40ºC
  • Febre associada a:
    • pele marmoreada
    • lábios e unhas roxas
    • irritabilidade
    • manchas na pele que surgem nas primeiras 24-48 horas de febre
Alterações Cardio-Respiratórias
  • Dor no peito
  • Gemido
  • Palidez acentuada, lábios e/ou dedos arroxeados
  • Dificuldade respiratória:
    • Respiração muito rápida ou pausas respiratórias prolongadas (>20 seg)
    • Tosse persistente que provoca o vómito ou salivação
    • Retrações (“covinhas”) entre as costelas
    • Estridor (ruído inspiratório) persistente
Alterações Gástricas e Intestinais
  • Se idade inferior a 3 meses e recusa ou dificuldade em mamar mais de 2 vezes consecutivas
  • Vómitos persistentes, sem resposta à hidratação fracionada
  • Dor de barriga intensa e constante, sem período de alívio
  • Vómitos e/ou fezes com quantidade abundante de sangue
  • Sinais de desidratação:
    • diminuição significativa do n.º de vezes que a criança urina
    • olhos encovados
    • língua seca
    • choro sem lágrimas
    • sonolência
    • irritabilidade excessiva
Alterações Genitais ou Urinárias
  • Dor no testículo
  • Dor ao urinar, urina vermelha ou muito espumosa
  • Aumento significativo do consumo de água e do n.º de vezes que a criança urina
Alterações Neurológicas ou do Comportamento
  • Desmaio
  • Sonolência, irritabilidade excessiva ou choro inconsolável
  • Movimentos anómalos (convulsão)
  • Perda de força muscular, recusa da marcha ou desequilíbrio
  • Desorientação, alterações na fala, alterações visuais
  • Dor de cabeça intensa que o desperta durante a noite, associada a vómitos ou alterações do comportamento
  • Expressão de pensamentos suicidas
Alterações da Pele ou Mucosas e Articulares
  • Manchas que não desaparecem quando pressionadas
  • Várias nódoas negras não compreendidas
  • Inchaço dos lábios, pálpebras, face, mãos ou pernas
  • Hemorragias que não resolvem
  • Inchaço das articulações, associado a calor, vermelhidão ou dor e limitação no movimento
Traumatismos
  • Fratura aberta (vê-se o osso), deformidade, ou dor intensa e constante
  • Ferimento profundo ou que sangra abundantemente mesmo após pressão durante 10 min
  • Traumatismo craniano com desmaio, vómitos persistentes, sangramento abundante pelo nariz ou ouvidos, alterações neurológicas ou do comportamento ou com hematoma grande
Outros
  • Alergia grave com ou sem suspeita de alergénio:
    • aparecimento súbito de manchas na pele
    • inchaço dos lábios/pálpebras
    • dificuldade em respirar
    • vómitos/diarreia
    • tontura/desmaio
  • Ingestão de produto tóxico ou medicamento sem indicação ou em sobredosagem
  • Ingestão de objeto (cortantes, pilha, íman)
  • Aspiração de corpo estranho ou produto tóxicos

Qualquer dúvida, contacte o seu pediatra.

Andreia Ribeiro
Médica Pediátrica

Bibliografia:
Sociedade de Urgência e Emergência Pediátrica da Sociedade Portuguesa de Pediatria

Sugestão de Leitura: “Alergias Alimentares”
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