
Este artigo vem no seguimento do anterior (com o mesmo nome) mas agora direcionado, como prometido, aos bebés mais velhos: muitas mães relatam que estão cansadas, irritadas com uma demanda muito grande, até saturadas de amamentar, carregando também, com frequência sentimentos ambivalentes de culpa e de prazer por amamentar. Bebés com 1 e ½ – 2 anos já conseguem verbalizar que querem mama, puxar a blusa, mamar numa mama com a mão a mexer na outra e mesmo terem comportamentos relacionados a frustração quando não têm mama quando/como querem. Não acontece com todos os bebés mas em alguns casos o bebé tem uma demanda intensa – algumas mães até dizem que “agora mama tantas ou mais vezes do que quando nasceu!”- e que isso condiciona uma amamentação menos prazerosa para si.
Portanto, algumas mães não querem conduzir um desmame mas ao mesmo tempo sentem que “assim é demasiado”- é por isso importante que se tenha em consideração que a relação com a mãe pode ir muito além da relação com a mama.
⚠️ Ou seja, não temos necessariamente que oferecer mama para responder a todas as situações e, por outro lado, o bebé pode ter as suas necessidades emocionais (e não só) satisfeitas por outros meios que não a mama. Por vezes o bebé pede mama porque se sente entediado, porque não está a conseguir gerir emoções fortes ou situações novas para si ou simplesmente porque viu a mãe sentar-se no local onde habitualmente mama.
Podemos por vezes distrair o bebé com alguma brincadeira ou atividade ou dizer ao bebé com linguagem que o bebé perceba que terá de aguardar um pouco (ex: de forma concreta e cumprindo o combinado, dizer que “agora a mamã vai fazer “x” e só depois vem para o sofá e dá maminha!”) e fazê-lo de forma respeitosa, atendendo o bebé e também as necessidades e limites da mãe, mantendo um percurso de amamentação agradável para todas as partes.
Em suma, a relação do bebé com a mama também é algo que evolui com o tempo. Nunca é demais dizer que em termos nutricionais e imunológicos a amamentação é sempre benéfica, mas que a ligação entre uma mãe e um filho é algo muito maior e é igualmente importante.
Rosa Santos
Enfermeira especialista em Amamentação