O início da diversificação alimentar é um marco de grande importância no desenvolvimento do bebé e pode desempenhar um papel determinante na sua saúde futura. Infelizmente, é também uma fase de inúmeras dúvidas e preocupações para os pais e cuidadores.
No topo da lista dessas preocupações está o engasgamento, levando a que muitos pais optem por adiar a introdução de alimentos inteiros e/ou em pedaços, comprometendo o desenvolvimento da musculatura e motricidade orofacial e suas funções associadas, nomeadamente a mastigação, a deglutição e a fala.
É importante alertar que os adultos também têm o chamado “reflexo de gag” – reflexo protetor natural que resulta na contração da parte de trás da garganta, e que “empurra” a língua para a frente para nos proteger de asfixia. Nos bebés entre os 6 e os 10 meses, este reflexo está mais apurado, acontecendo com maior frequência (sim, acontece com frequência e não é motivo de preocupação!). Mas a grande questão que preocupa os pais é: “mas então, como distinguimos o reflexo de gag de um episódio de engasgamento?”
A verdadeiro engasgamento é muito diferente do reflexo de gag – as vias respiratórias estão obstruídas e o bebé tem dificuldade em respirar.
Os sinais de engasgamento de um bebé podem incluir:
👶 Incapacidade de chorar;
👶 O bebé pode ficar complemente silencioso, sem conseguir produzir sons;
👶 Incapacidade ou dificuldade em tossir;
👶 Aspeto aterrorizado;
👶 Os lábios e a cara do bebé ficam azuis, arroxeados ou cinzentos;
Por outro lado, no reflexo de gag, o bebé consegue colocar o alimento para fora, tossindo com facilidade – em algumas situações, pode haver choro ou vómito. É importante que durante este reflexo tente manter a calma e não coloque as mãos dentro da boca do bebé (confie nele, ele sabe o que fazer!).
Em caso de engasgamento, entre em contacto imediato com o 112. Aconselho também a que aprendam a manobra de desobstrução das vias aéreas – manobra de Heimlich.
É fundamental compreender a diferença entre reflexo de gag e engasgamento para que saiba como deve proceder em cada uma das diferentes situações, diminuindo o stress e ansiedade às refeições.
Ana Rita Sousa
Nutricionista pediátrica