Aos 2 anos de idade, as refeições podem ser momentos desafiantes para a família. São ocasiões em que a criança consegue expor as suas vontades e ganhar na sua constante luta por se afirmar autónoma. Ainda mais, é natural que se mantenha o decréscimo do seu apetite, pela desaceleração da velocidade de crescimento, e um desinteresse geral em alguns alimentos ou refeições. Veja o artigo escrito anteriormente sobre isto.

Saiba que, nesta fase, é fundamental que:

  1. Dê autonomia à criança para que se sinta mais interessada em comer. Os pais vão decidir que alimentos oferecer e onde, mas deve ser dada autonomia à criança para poder escolher dentro do que é oferecido. Por exemplo, à sobremesa disponha duas frutas de variedades diferentes partidas aos pedaços e deixe que vá selecionando que pedaços quer comer. É importante também que coma pela própria mão. Repare que muitas vezes isto acontece nos lanches que são habitualmente melhor aceites nesta idade. Não se esqueça de continuar a oferecer alimentos que recusa como complemento a alimentos que aceita. Saiba que, ainda que não os queira provar, ver e tocar-lhes é um passo para a aceitação futura.
  • Deixe que tenha uma palavra quanto ao que comer e reflita sobre as suas necessidades. Evite a pressão para que ‘deixe o prato limpo’. Pode estar a oferecer demasiado volume ou calorias para as suas necessidades naquela refeição e a rejeição pode significar que o seu filho sabe autorregular o que come. Quando força para que coma uma porção predeterminada pode estar a reduzir esta sua capacidade. Sugiro sempre que se avalie o consumo diário habitual e que sejam feitos os ajustes necessários na quantidade oferecida. E que os pais reflitam sobre outras necessidades da criança que podem interferir com o apetite, naquela refeição. Por exemplo, o sono.
  • Sempre que possível, permita que partilhe as refeições com a família. Reduza a pressão sobre a criança ao integrá-la na refeição familiar, incluindo-a na ‘mesa dos grandes’. Lembre-se que a maior força para a ação é a força do exemplo dos pais e irmãos. Se quer que coma sopa, comam sopa. Se quer coma fruta, comam fruta. Se quer que coma sem olhar para o telemóvel, afaste os ecrãs para todos.

E, dentro do possível, relaxe.

Sentir a calma dos pais e a sua paz na refeição partilhada é o primeiro passo para acabar com as batalhas à mesa e para que o seu filho se sinta confiante no momento de comer.

Dra. Lisa Afonso

Nutricionista Infantil | Investigadora Doutorada na área do Comportamento Alimentar Infantil