
E de repente o nosso bebé chega aos 3 meses! O que muda? Existem diferenças na forma como carregamos? Faz parte da normal interação do ser humano aproximar-se, envolver-se, conectar-se, abraçar-se. Logo, dar colo não é, nem nunca faria sentido ser, um ato puramente físico. Como tal, o babywearing é, antes de mais, uma forma de nos relacionarmos com o bebé, é bom porque ajuda a criar laços, tranquilizar, dar autonomia. Babywearing não é, assim, “apenas” uma forma de nos movimentarmos, nem “só” conveniência. Porém, quando em babywearing defendemos um carregar ergonómico, ou seja, aquele que otimiza o bem-estar de bebé e adulto, estamos a dizer que existem formas de carregar que nos serão mais confortáveis. E esta noção de conforto pode mudar ao longo do tempo, quer por características do porta-bebés quer porque tanto o bebé como nós mudamos um pouco nestes meses.Ainda assim, a forma mais “técnica” como carregamos o bebé ao nascer é a mesma que continuaremos a carregar – isto inclui a forma de “aninhar” o bebé no nosso colo, virado para nós e a forma de o colocar. O bebé é que vai mudando e é maravilhoso assistir de perto todas estas transformações, vivenciá-las, senti-las no nosso corpo, interagindo com o nosso bebé. Se nos primeiros meses o bebé ficava mais “encostadinho” a nós, a partir dos 3 meses começamos a notar algumas alterações: o bebé passa mais tempo acordado, a cervical ganha mais maturidade e o bebé começa a segurar a cabeça sozinho, apura a visão ao longe. Começa a ganhar noção das próprias mãos e a levá-las mais à boca. Se já o fazia antes, agora começa a fazer com um propósito mais “consciente” – levar objetos à boca, por exemplo. Quando no colo olha o adulto, já vai acariciar, tocar para sentir e conhecer melhor, mordiscar, lamber, puxar o cabelo ou arrancar os óculos, brincos, colares. É o bebé a começar a explorar o mundo que o rodeia! Em babywearing, a postura do bebé, ou posição, vai ser a mesma, apesar de notarmos que o nosso bebé já se “abre mais para o mundo”. O que podemos fazer são algumas adaptações a este bebé que cresceu e tem novos interesses e mediante as nossas próprias necessidades e gostos. Se o bebé começa a mostrar interesse no que o rodeia, podemos colocá-lo à anca, ampliando o seu ângulo de visão, e o nosso também. Intuitivamente, mesmo ao colo, chega uma altura em que pegamos no bebé à anca, porque nos é mais confortável e porque ganhamos “espaço” de manobra e uma mão livre. Em babywearing teremos sempre as duas mãos livres, mas carregar à anca/de lado, pode ser muito útil para executar certas tarefas. Outra pequena alteração que podemos fazer – sempre que o bebé já mostre total controlo da cervical e vontade – é colocar os braços fora do porta-bebés. Aqui, o pano ou painel (se for mochila ou meh dai) deve ficar pela zona das omoplatas/abaixo da axila. Havendo necessidade, sendo um bebé mais pesado ou alto, e sempre que o adulto se sentir confiante, pode passar o bebé para as costas – em pano desde o nascimento, embora isto requeira muita experiência, em mochila ou meh dai dependendo da relação tamanho do bebé/adulto/porta-bebés. Uns porta-bebés podem revelar-se mais confortáveis do que outros, não só porque o bebé cresceu, mas porque o bebé já se mexe mais, dorme menos no colo e as nossas próprias necessidades mudaram. Por exemplo, o típico pano elástico que muitas famílias adoram no início pode começar a não dar tanta contenção, e não é só porque o bebé aumentou o peso, mas porque se mexe muito mais e vamos sentir todo esse balanço no nosso próprio corpo. Assim, em 3 meses o nosso bebé muda imenso, mas nesta fase o colo ainda continua a ser muito importante, por isso não tenham receio de dar colo nem de usar um porta-bebés dentro e fora de casa. Susana Silva Consultora Babywearing