Carregar um bebé de 6 meses não é muito diferente de carregar um bebé de 4 ou 5, pelo menos na forma de colocação. O que notamos é que por volta desta altura os bebés adquirem maior consciência de movimentos e um controlo cervical muito maior, autónomo até. A expressão corporal do bebé e a sua postura passam a ser bastante mais intencionais, desde o agarrar objetos à forma de “aninhar” no colo do adulto (muito mais evidente a partir do momento em que o bebé senta sem apoio e que está ainda relacionado com o reflexo de agarre). Os puxões de cabelo, óculos, colares ou de objetos que o adulto tem na mão passam a ser muito mais frequentes. O bebé mexe-se mais no porta-bebés, roda mais o tronco para ampliar o seu ângulo de visão, coloca-se numa postura mais de “sentado” do que até então. Naturalmente também, o bebé pode demandar menos colo, principalmente quando lhe são oferecidas condições para explorar o ambiente sozinho – rolar, rastejar, sentar, agarrar objetos e, mais perto dos 9 meses, gatinhar. O bebé adquire muitas competências motoras nesta fase, é muito mais ativo, está mais desperto. Ora, se estas aptidões não têm que ter influência na forma como carregamos, as nossas necessidades e as do bebé podem mudar. Pode ser a altura, por exemplo, de passar o bebé para as costas, seja porque o bebé quer ver melhor para a frente, seja porque a nós que carregamos nos dá maior amplitude de movimentos. A interação com o adulto, as gracinhas e as festinhas são agora bem mais pronunciadas. Um bebé no colo observa os nossos gestos, sons, expressões faciais com muito maior atenção e, nesta fase, começam as primeiras imitações de gestos e as vocalizações intensificam-se.
A necessidade vestibular e propriocetiva que o bebé tem continua, no entanto, a ser grande, mesmo que este já seja capaz agora de balançar o próprio corpo, pelo que podemos e devemos continuar a dar muito colo, com o bebé a dormir ou acordado. Ainda mais nestes tempos de confinamento, em que tendencialmente nos mexemos menos, é importante carregar o bebé a braços ou no porta-bebés, fazer caminhadas quando possível, mas também dançar, embalar, ou enquanto realizamos algumas tarefas ou enquanto realizamos algumas tarefas em casa aproveitamos para oferecer esse movimento ao bebé, tão importante para a sua auto-regulação. Aproveitem para dar todo o colo que podem porque não é por acaso que alguns autores apontam os 9 meses como o fim da exterogestação 😉
Susana Silva
Consultora de Babywearing