COMO A PARENTALIDADE AFETA O CASAL

Ser pai/mãe vem acompanhado de um misto de emoções. Por um lado o entusiasmo, a expectativa positiva, a alegria que não cabe no peito. Pelo outro, o medo e a ansiedade pela responsabilidade acrescida, a energia e o tempo a que a parentalidade convida, com naturais implicações ao nível do casal.

O nascimento de uma criança e os primeiros anos de vida podem conduzir a um declínio na satisfação conjugal, maior afastamento e menos comunicação. Há estudos que apontam para fatores como a idade dos pais, o nível de escolaridade, a condição socioeconómica e a duração da relação como fatores preditores do maior sucesso ou insucesso conjugal após o nascimento de um filho. Pais mais novos, com nível de escolaridade baixa, dificuldades financeiras e relação de curta duração estão mais vulneráveis ao stress que o nascimento de um filho pode causar na relação de casal.

Mas há outros fatores importantes a referir, tais como as expectativas dos pais antes do nascimento, o temperamento do bebé e toda a gestão do projeto de família.

Relativamente a este último ponto, salienta-se que muitas vezes a mulher acaba ficando sobrecarregada após o nascimento de um filho assumindo demasiadas responsabilidades o que acaba por conduzi-la a um desgaste físico e mental ao fim de alguns meses (não raras vezes, culminando numa depressão pós-parto) que afeta não só todo o seu equilíbrio, como a sua felicidade e a sua relação conjugal.

Com a necessidade cada vez mais urgente de garantir equidade de direitos entre mulheres e homens, tem-se constatado que uma adequada distribuição das tarefas e responsabilidades, a presença carinhosa, cuidadosa e protetora do parceiro e um investimento no autocuidado de cada um dos progenitores, são fatores preventivos do declínio na satisfação conjugal e promotores de uma relação mais positiva face à parentalidade.

Zulima Maciel

Psicóloga e facilitadora de Parentalidade Consciente