Um dos receios demonstrado por muitos pais é o de estar a dar demasiado colo ao seu filho. De alguma forma, ao longo do tempo, foi sendo culturalmente apreendido que carregar um filho no colo pode trazer algum tipo de consequência negativa para o seu desenvolvimento. O colo está, sobretudo, associado a mimo, e este nem sempre é visto numa perspetiva benéfica.
Para uma mãe ou um pai, dar colo é algo instintivo, e perante o choro do filho é uma das primeiras reações. Mas algumas frases ouvidas, muitas vezes desde os primeiros tempos de vida do bebé, fazem os pais duvidar desta reação instintiva, natural e imediata. Que pai ou mãe não ouviu, pelo menos uma vez, que dar demasiado colo ao bebé o tornaria mal-habituado ou muito mimado? Este é um grande mito da parentalidade. Mas o que sabemos verdadeiramente sobre isto? Que o colo é essencial e não existe em demasia!
Numa primeira etapa da vida, carregar um bebé no colo é vital para lhe prestar os cuidados essenciais, e também para estabelecer e fortalecer a relação com ele. Ter um bebé no colo permite tê-lo mais próximo do rosto, e isso facilita a que pais e bebé se vejam, cheirem, sintam e conheçam melhor. Mas mais do que para os cuidados essenciais, o colo é fundamental para o bebé pois funciona como um lugar seguro, de conforto e de proteção.
Mas… e quando o bebé cresce e se torna uma criança?
Mais tarde, e já com diversas competências motoras e sociais desenvolvidas, a criança tende a entrar numa fase mais exploratória e de menor procura do colo dos pais. A necessidade de colo surge, nesta fase, muito associada a momentos de cansaço e desregulação emocional. E é principalmente perante uma “birra” que os pais manifestam mais receio de dar colo. Será que isso educa mal a criança? Não será recompensar a criança que se “porta mal”? Não! O colo é essencial para a regulação emocional da criança. É um espaço protegido, de contenção e conforto, que permite à criança diminuir os seus níveis de stress e estabilizar emocionalmente. Oferecer colo a uma criança perante uma “birra” não é fraquejar na sua educação. É permitir-lhe encontrar um espaço seguro para se reorganizar.
Em qualquer idade ou circunstância, o colo é positivo. Não existe o conceito de colo em demasia nem a possibilidade de estragar um filho ou comprometer o seu desenvolvimento por lhe dar muito colo. Por isso, pode dar-se muito colo, sem medos!
Inês Oliveira
Psicóloga Clínica e Facilitadora de Parentalidade Consciente
Sugestão de Leitura: “Aceitação emocional”
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