As experiências dos primeiros anos de vida de uma criança são determinantes para as trajetórias desenvolvimentais ao longo da vida.

Existe uma predisposição natural para o bebé, desde o seu nascimento, procurar contacto. E isto geralmente acontece com a sua principal figura de cuidados. Este instinto funciona como mecanismo de sobrevivência pois é através do vínculo que estabelece com o seu cuidador que desenvolve o sentimento de confiança no outro e no mundo.

Há estudos que demonstram que a necessidade de amor, afeto e conforto constitui um instinto mais forte do que a necessidade de ser alimentado, algo naturalmente essencial para a sobrevivência do bebé. As conclusões destes estudos apontam para o facto de que a falta desse vínculo afetivo pode conduzir a atrasos graves do ponto de vista cognitivo, motor, afetivo e relacional, e está associado a maior taxa de mortalidade.

Porque efetivamente também se morre de falta de amor e afeto!

Para um recém-nascido, é absolutamente fundamental a criação desse vínculo seguro com a sua principal figura de cuidados porque dessa forma são criadas condições para que ligações neuronais determinantes do ponto de vista desenvolvimental aconteçam e isso ajuda a que, na presença de adversidades posteriores, a criança esteja mais preparada para lidar com elas com o mínimo de dano possível.

Um vínculo seguro nos primeiros meses de vida acontece quando é proporcionado ao bebé um ambiente tranquilo, com ligações afetivas e comportamentos responsivos e acolhedores que transmitem à criança que o mundo é um lugar seguro e previsível assim como as pessoas que o habitam. Uma boa forma de começar a proporcionar um vínculo seguro é ser responsivo ao choro de um bebé e oferecer muito colo e contacto pele a pele nos primeiros meses de vida.

Zulima Maciel

Psicóloga e facilitadora de Parentalidade Consciente